Depois de uma ligação preocupante a respeito de sua avó, Sales procurou os seus documentos e chamou um carro pelo aplicativo para poder ir até o hospital, antes de sair ele fechou as janelas e colocou a ração do Zuzu, e parecia que o cachorrinho não comia a tanto tempo pelo desespero que estava sobre a tigela. Assim que ele saiu pela porta viu um carro parado em frente à casa da Neusa, ele observou que era da funerária e mais atrás o carro da filha mais velha, a Soraia, logo ele correu até o portão da vizinha e gritou o nome da Soraia, ela saiu com os olhos cheio de lágrimas.

Ela correu até ele, dizendo: “_ela se foi meu bem, a mãe deixou a gente”, naquele instante ele entendeu o porquê sua avó passou mal, as duas eram amigas há anos. Ele a abraçou forte e tentou acalmar ela aos poucos, em seguida o rapaz da funerária saiu pela porta e a chamou, a apressando.

Sales disse a ela que iria ao hospital ver a sua avó que tinha passado mal, e depois iria até o velório. Assim que foi atravessar a rua ouviu uma buzina, era o seu Uber que havia chegado, então ele seguiu para o hospital.

Chegando no local foi encaminhado até o leito onde sua avó estava em observação, ela parecia tão abatida, e com os olhos murchos:

_Oh minha avó porque você não me chamou para virmos juntos, se você tivesse me falado. _sua avó logo o interrompeu.

_Meu filho, vem aqui com a sua avó, preciso de um abraço. _ela o respondeu com a voz bem fraquinha e com os olhos baixos.

Ele foi do lado dela e sentou na maca e a abraçou, ali ele ficou escutando a respiração bem lenta dela, por um momento as lágrimas quis vir à tona, mas ele se segurou pois precisava dar apoio a avó.

_Vó, eu irei ligar para a mãe, para ela vir aqui também, e para tia Sônia, e vou conversar com o médico. _mais uma vez ele foi interrompido.

_Filho minha melhor amiga se foi, a Neusa era uma irmã para mim, nos conhecíamos desde os vinte anos. Ela era tão divertida, gostava de uma cervejinha. _e logo a dona Célia abriu um sorriso que se misturava com as lágrimas que saia de seus olhos.

_Eu sei vó, ela era muito legal comigo, toda vez que eu ia brincar com as netas dela, ela fazia bolinho de chuva. _o coração de Sales, parecia estar mais apertado sabendo, que uma grande amiga tinha ido embora.

Ali eles ficaram por mais duas horas até o médico liberar a dona Célia, e eles puderam ir ao velório que seria no outro lado na rua para a ironia do destino.

Na funerária, dona Célia, ficou abraçada com Soraia que estava desolada com a perda da mãe, ele ficou junto com Thabata, neta e filha de Lurdes que não a via há muito tempo. Os dois conseguiram relembrar de quando Neusa, pegou os dois dando refrigerante para o cachorro tomar, foi o fumo mais doído que eles tomaram, isso trouxe até um riso da infância.

Mas quando a funcionária do local, avisou que o corpo estava chegando, ele logo ficou ao lado da vó para qualquer eventualidade, mas ele não previa o que iria acontecer a seguir.

Com a chegada do corpo da Neusa, os olhos do Sales se arregalaram, pois no caixão a Neusa estava vestindo o mesmo vestido que ele tinha visto a moça vestir na casa dela, e quando se lembrou de perguntar o nome da moça, ela respondeu que ele não estava reconhecendo-a.

Suas costas arrepiavam, suas pernas foram ficando tremulas, ao ver o caixão se posicionar no centro da sala, quando ouviu a sua avó chamar ela de Nenê, foi quando caiu a sua ficha de que ele falou com a Neusinha em espirito, sua visão se torcia e torcia, em azul forte e um clarão das rosas amarelas do vestido pareciam gigantes, até quando ele desmaiou.

Para Sales foi impossível aquilo ter acontecido, e foi demais para sua pouca fé e conhecimento, talvez se fosse Célia ela teria pulado a sacada para abraçar a amiga, mas Sales quando a viu, ele já podia saber que tinha algo de errado. Existem coisas que mesmo ao negar em nosso intimo, uma hora nos é revelado, e só nos resta sentir e apreciar a descoberta.

Ilustração:
Capapost, imagem retirada do google;

 

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